Introdução à Lógica Formal
Preparei o texto que segue para me apoiar em uma apresentação no Centro Cultural Navegantes. O público é de jovens em idade de graduação ou pós-graduação.
Apresentação no Centro Cultural
Todos de pé para preces inicias.
Em nome do Pai, do Filho, e do Espírito Santo. Amém.
Vinde Espírito Santo, enchei os corações dos vossos fiéis, e ascendei neles o fogo do Vosso Amor. Enviai o Vosso Espírito e tudo será criado. E renovareis a face da terra. Oremos: Ó Deus que instruístes os corações dos vossos fiéis, com a luz do Espírito Santo, fazei que vejamos retamente todas as coisas segundo o mesmo Espírito, e gozemos da Sua consolação. Por Cristo Senhor Nosso. Amém.
Ave Maria.
Ó Maria Concebida Sem Pecado, rogai por nós que recorremos a vós. Glorioso São José. São Josemaria Escrivá, rogai por nós. Santo Agostinho, rogai por nós. Santo Tomás de Aquino, rogai por nós.
Boa noite pessoal. Podem sentar-se.
Para a tertúlia de hoje, eu pensei em uma dinâmica diferente.
Pelo que vi na conversa do whatsapp, esse é um tópico que muitos já discutiram recentemente. Para não chover no molhado, eu pensei em abordar o assunto por meio de uma discussão segundo o método socrático.
Algumas regras sobre a discussão:
- Eu vou assumir o papel de orientar a discussão.
- Vocês vão fazer a maior parte da troca de ideias
- Eu preparei uma lista de proposições a serem abordadas, e vou lançar perguntas. Vou deixar vocês debaterem. E tentar orientá-los para que se aproximarem dos pontos que retirei da bibliografia. Caso a discussão se estenda muito, vou apresentar o ponto que havia selecionado, e passar para a próxima pergunta.
- Quanto a vocês:
- Tentem expor apenas um ponto em cada contribuição que fizer à conversa. Não vamos dar palestras, nem eu nem vocês.
- É esperado que vocês descordem uns dos outros. Não levem para o pessoal! Faz parte do método!
- Recomenda-se expor um ponto em no máximo 50 segundos. Isso acontece para que os outros possam comentar o seu ponto. Se você falar muitas coisas, as outras pessoas em geral não vão entender tudo, e poderão comentar parte do que você falou, em geral as últimas.
- Estamos todos aqui para aprender.
Recapitulação e Contextos
- O conhecimento é uma realidade da coisa conhecida que está presente no ser que conhece
- Pode ser de duas formas sensorial e intelectual
- O intelectual é abstrato e geral
- O ser que conhece de forma intelectual somente o pode fazer porque existe nele o potencial para tal.
- Verdade é a conformidade entre a inteligência e o objeto.
- Opõe-se à verdade o erro.
Hoje trouxe alguns pontos que detalham melhor o processo de formação do conhecimento, e que deixam pistas sobre como adquirir a verdade, e que me convenceram do requisito da vida espiritual para se alcançar uma mente capaz de se orientar pela Verdade em todas as circunstâncias.
Pontos novos para discussão
A seguir selecionei 6 pontos para discussão. Para cada um vou puxar uma pergunta, e vocês discutem.
Os 4 estados da inteligência em relação a verdade
Pergunta
A verdade é a conformidade da inteligência à coisa conhecida. Uma vez que a mente tenta se conformar com a realidade, se estamos certos ou não, é algo que precisamos investigar, mas de qualquer forma é possível refletir sobre o resultado e avaliar o quanto confiamos na conformidade produzida.
Quais sãos os graus possíveis para nossa confiança sobre uma verdade? É uma questão de tudo ou nada ou há gradação? Qual é a gradação? O que distingue esse graus um dos outros?
Ponto
A nossa inteligência, com relação à verdade, pode encontrar-se em quatro estados:
- ignorância: não forma juízo, porque não tem as ideias respectivas
- dúvida: possui a ideia de um objeto, mas não se decide a pronunciar um juízo
- opinião: pronuncia um juízo, mas teme que se possa verificar o contrário
- certeza: julga sem receio algum de errar
A certeza
Pergunta
Muitas vezes falamos com convicção sobre assuntos que mais tarde mudamos de ideia. Quem nunca? Qual a diferença entre uma convicção certa, e outra passível de erro?
Ponto
Certeza é a firme adesão da inteligência à verdade conhecida, fundada num motivo capaz de excluir todo o receio de errar.
A evidência do objeto é motivo universal e supremo de certeza
Pergunta
Se eu digo a vocês que 2 > 1, vocês rapidamente concluem que estou falando a verdade. Se eu digo a vocês que comi frango no almoço de hoje, vocês poderiam fazer um pouco de investigação e concluir que estou mentindo. Se eu digo que a maçã, na ausência da atmosfera, cai contra o chão com uma aceleração constante, vocês podem ter um baita trabalho mas poderão verificar.
Em todos os casos, o que há de comum? O que permite à mente achar o motivo de certeza?
Ponto
A evidência do objeto (isto é, a clara manifestação do objeto) é o universal e supremo motivo da certeza.
Meios para se atingir a evidência do objeto
Pergunta
Como podemos atingir evidência dos objetos?
Resposta
Análise, experiências, e autoridade são os 3 meios pelos quais a inteligência percebe a evidência do objeto.
Requisitos para a filosofia
Pergunta
Como viram, não há receita pronta para se atingir a verdade. É preciso buscar o que for necessário para atingir a clareza, e ainda assim é preciso diferenciar a convicção certa, de uma que pode se engar.
Como podemos desenvolver um espírito apto a buscar a verdade?
Resposta
Requisitos para se estudar Filosofia
- oração constante e fervorosa
- pureza de coração
- amor pela verdade
A terceira condição é aquela que é estritamente necessária, e as duas primeiras são condições para atingi-la. Se fôssemos perfeitos em nosso amor, poderíamos ir direto para a terceira, mas como não somos, as duas primeiras se tornam requisitos. Explicarei mais tarde. Tratarei primeiro a terceira condição.
Inteligência
Pergunta
O que é a inteligência humana?
Resposta
Inteligência é a faculdade pela qual apreendemos a essência das coisas e os princípios da demonstração.
Quotes
Toda a faculdade é determinada ao ato pelo seu objeto, e por isso, quando esse objeto lhe se manifesta claramente, ela não pode ser indiferente, mas, levada pela sua própria natureza, deve aderir com firmeza ao mesmo objeto e descansar nele.
Toda a faculdade deve necessariamente aderir ao bem, para o qual tende e que lhe se manifesta convenientemente. Ora, o bem da inteligência é a verdade, e por isso, quando esta se torna evidente, a inteligência não pode deixar de aderir a ela, e de rejeitar a proposição contrária.
Assim também a inteligência não pode deixar de aderir a uma verdade, quando não tem aparência alguma de falsidade.